Perguntaram para mim quem sou e de onde venho. Tive vontade de rir e dizer: "eu não sou. EU SOMOS! E vivemos nas cidades de mim".
Neste exato momento, queremos coisas bastante diferentes. Há quem queira proclamar bem estas palavras. Há quem queria a piscina e bife com batata frita. Há um eu em mim que deseja tanto o sucesso, ser falado, que seria capaz de matar um eu mais humilde. Morreríamos todos por um suicídio com cara de assassinato. Vivemos neste constante caos, balançando na contradição de objetivos próprios.
Uma das cidades de mim quer se igualar a Deus. Para isso, ela ergue prédios e torres para me elevar. É minha parte prepotente, arrogante. É minha cidade que confia tanto em si que não acredita em mais nada. Nesta cidade, vivem muitos eus de mim.
"O preço disto é alto", diz outro eu mais atento. As palavras duras geram a ira. A ira se transforma em guerra e a guerra em caos.
De outro lado, outra cidade de mim se prepara para ser a casa de Deus. Nesta cidade, as obras são boas e são verdadeiras. Não são torres para chegar a Deus, mas se constroem pontes para que cheguem os homens. É uma cidade cheia de sabedoria e cheia de realizações. Nesta cidade de mim, o amor reina e contagia todos os outros eus. Cada gesto de amor é obra prima que, nesta cidade, não se vende, não se explica... apenas se sente.
São duas cidades de alicerces firmes e difíceis de serem batidas. Sem qualquer uma delas, muitos de mim ficariam sem moradas e, ao relento, morreriam. O que nos cabe é buscar respeitar a linha tênue do equilíbrio entre estas duas cidades. É saber que o outro é outro, mas só é aliança se devidamente misturado num outro metal menos valioso. O que não podemos é exagerar na dose do latão.
As grandes torres não nos levam a Deus, mas nos mostram novos horizontes.
--> Musiquinha de Elisa inspirada neste texto. No vídeo, ela canta com Diego na Casa das Rosas, em São Paulo. Lindo!
terça-feira, 15 de abril de 2008
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