segunda-feira, 3 de março de 2003

Desde ontem comecei a publicar umas coisas que escrevi em Janeiro... mas comecei de do fim... depois do texto de 31 de Janeiro, coloco um do dia 01 de Janeiro, lá por volta de 2 horas da manhã, na beira da praia... verídico!



Naquela época do ano era quando ele ficava mais confuso. Reveillon nunca foi uma festa feliz porque ele nunca comemorava a chegada de um novo ano, mas sim o fim de um ano muito produtivo! Dessa vez não era diferente. Estava na praia, acompanhado mas sozinho, naturalmente. Depois dos abraços, do brinde, os grupos se formaram... três. Ele ficou solto. Percebei-se jogado no centro de um triangulo - não há lugar melhor pra refletir do que no centro do triangulo - e resolveu sentar-se.



O tempo estava fechado mas não chovia. Os fogos de artifício clareavam a areia e um vento forte, frio, soprava em alguma direção. Podia ouvir, sem entender, o que todos conversavam. Ele se entregou rapidamente numa reflexão própria, sem lógica, sem regras. Pensava na sua vida, em seus amigos. Pensava em sua solidão crônica, na sua carência. Uma tempestade formou-se na sua cabeça. O choro entalou na garganta, as lágrimas molharam os olhos mas não precipitaram. Doia estar tão sozinho. Doia a falta de um abraço longo, sem tempo de acabar. Doia a falta de alguem com ele, somente com ele naquele momento.



Precisava e pedia por um rumo. No início não tinha consciencia disso mas percebeu o quanto implorava por um sinal, uma direção. Ele, que já estava triste, ficou mal. Foi se afundando, sozinho, no centro do triangulo de grandes amigos. A cabeça pesava. Não conseguia levanta-la. A força que tinha, que lhe restava, era pra rogar pela misericordia de Deus.



Quando parou de ouvir as conversas, tambem parou de sentir o vento. Foi voltando do seu transe e esquecendo um pouco da dor. Vagarosamente, ergueu o olhar por sobre os joelhos e avistou, bem à sua frente, jogada no horizonte, a constelação mais conhecida e mais oportuna: o Cruzeiro do Sul.

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