domingo, 25 de setembro de 2005


"Alto aqui do sétimo andar, de longe eu via você..."
(Do Sétimo Andar - Rodrigo Amarante)


Quando estava na casa de meu tio, na semana passada, fiquei lembrando porque eu gosto tanto de apartamentos. Toda vez que vou no apartamento de um amigo, a primeira coisa que faço é procurar pela janela, pela varanda. Adoro ficar olhando, observando o mundo lá fora.

No apartamento de meu tio, no entardecer, numa das janelas do prédio da frente, uma pessoa fazia exercícios. Levantava os braços freneticamente, pulava e fazia alongamentos. Parecia que acompanhava alguma coisa na televisão. No apartamento de baixo, um casal assistia algo que parecia um filme, ou a novela. Em silencio, eu via a vida de cada um que passava, cada um que chegava. Na piscina da casa ao lado do prédio de meu tio, duas crianças e um cachorro brincavam à vontade. Os carros começavam um engarrafamento básico na rua Rubem Berta, e eu alí... parado, atento ao meu próprio "The Sims", imaginando o que poderia fazer com cada uma daquelas criaturas...

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Digressões sobre o orkut...

nos últimos dias tenho pensado muito nos meus amigos. Sim, nesses amigos do peito (tipo esses que citei no post abaixo). Há um tempo atrás, uns dois anos, eu acho, eu diria que tenho amigos que não vejo há muito tempo. Ai veio essa banana do Orkut e bagunçou tudo. Descobri que tinha muito mais amigos que não via há muito mais tempo ainda. A febre do início foi legal. Reencontrei figurinhas carimbadas da minha alfabetização em 86... também alguns saudosos do tempo em que eu estudava no Rio Grande do Norte... mas ai foi passando o tempo e o Orkut virou coisa séria. Comunidades, código de ética, rotinas de scraps, visitas periódicas aos perfis dos amigos. Desta forma, passei a ter amigos que não vejo todo dia. Estes sim, amigos virtuais, no exato sentido da palavra. São apenas figurinhas (não carimbadas), ligadas a tantas outras num álbum mórbido, onde todo mundo finge que se vê, que se fala, que se encontra... mas continua sentadinho na frente do computador, sem sair de casa.

"vamos correr nesta cidade imensa..."
(da comunidade)

"Não sei se, com excepção da sabedoria, os deuses imortais ofereceram ao homem alguma coisa melhor que a amizade"

e é isso... cada dia fico mais feliz por saber que tenho bons amigos em cada cantinho desse mundo...

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

O sol vai se pondo la fora e eu perdendo uma tarde em frente ao computador de meu tio, tentando consertar uma impressora. Bem típico, não é? Fiquei me perguntando, rodeado de discos de instalação e janelas de downloads, que porra é que eu to fazendo aqui?! Eu sou do "suporte"?! nem...

Estudo (ou finjo que o faço) jornalismo há quase quatro anos... e porque me jogo pra consertar computador?! Fazer site?! Criar cartaz? Salvar tartarugas marinhas? Porque me jogo a ensaiar uma música? a chutar uma bola? Tenho feito tantas coisas ao longo da vida, e coisas muito diferentes.

Lembrando do PC, acho que sou mesmo um pato... tipo aquele que até voa, nada, anda e canta... mas não faz nada direito.

Não seria hora de me especializar? De concentrar energias em uma coisa que me de prazer, que eu faça bem feito, e que eu ganhe alguma coisa?

Penso nisso... e já é noite... estou com fome e a impressora ainda apita...

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Que há com meu nome?!

Outro dia implicaram com meu nome... C-A-R-A-C-I-O-L-O... é tão difícil assim?!
Não tem nada dobrado, não tem nada mudo... assim... se escreve como se fala, puxa!
Tem até comunidade no ORKUT...
O povo gosta é de complicar as coisas...
Um editor, na semana passada, me deu até lição de moral quando ouviu meu nome, pode?

- Como é seu nome, rapaz?
- Fábio Caraciolo
- Caracciollo? Como é que escreve isso?
- Do jeito que fala. C-A-R-A-C-I-O-L-O.
- Não tem nenhum SILVA, SANTOS, no seu nome?!
- Tem Teles.
- Ai, Telles. É muito mais simples.
- Mas Teles é com um "L" só, meu amigo.
- Mesmo assim, é mais simples, viu?!
- Mas meu irmão é jornalista e já assina Teles... fica repetitivo, sem marca.
- Mas o maior princípio do jornalismo é a objetividade.

TSC TSC...

OBJETIVIDADE É O CARALHO! ESCREVA MEU NOME CERTO! ehhehehe

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

O que quero para o futuro?!

Acordei hoje pensando nisso. Oras, há muito tempo deixei essa bobagem de "carpe diem" e comecei a pensar melhor em viver o presente estando muito atento ao futuro. Como sei que não vou morrer amanhã, tem um monte de coisas possíveis de serem realizadas com calma, sem afobação, sem precipitação.

Mas fiz meu exame de vida no caminho de casa até uma reunião (sim, uma reunião no sete de setembro)... vou me formar no final do ano, trabalho num lugar muito tranquilo, onde me sinto sub-aproveitado e super-valorizado (isso mesmo, faço pouco e ganho muito, desculpa!). Tenho uma namorada, minha companheira, meu amor. Tenho algumas contas para pagar... vivo com minha família e sou muito feliz, aliais, somos todos muito felizes, graças!

Diante deste quadro, comecei a imaginar o que estarei fazendo daqui há um ano... depois, daqui há três anos... e daqui há 5? Onde estarei?

Tenho alguns sonhos, algumas idéias... quero continuar estudando fotografia, quero continuar a fotografar... mas quero viajar também. Seria muito bom se eu conseguisse emplacar um projeto para fazer as fotos que quero... quero comprar um apartamento, quero me casar, quero ter um filho... quero pagar as dívidas... por enquanto, eh o que eu quero... quero também (nao custa sonhar), publicar na National Geographic, nem que seja uma "carta do leitor"... eehehhe...

eh isso... eu quero

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Durante o mes de agosto, estive no Pará. Fui com uma missão dos jesuítas à vila de Jenipapo, na Ilha de Marajó. Eramos 6 jovens (Tássia, Carol, Deinha, Renata, Márcia e eu) e Robertinho, "o padre"... a experiência foi maravilhosa, impactante... escrevi pouca coisa sobre aquilo tudo, mas fotografei muito. Ao todo, eu e Tássia fizemos 30 filmes e mais uma porção de fotos digitais... mas alguma coisa escrita saiu naturalmente, numa noite daquelas, ouvindo os grilos e os sapos...

DIÁRIO DO JENIPAPO 1

"No dia em que pegamos o barco, de Belém para o Marajó, ainda tinha dúvidas de como seriam as coisas por aqui. A viagem começou agitada, com o mar da baia tirando meu sono e embaralhando meus pensamentos.

De coração aberto eu dormi e acordei com os primeiros raios do dia, e algumas poucas vozes ao longe. Avistei logo o trapiche e o porto de Jenipapo. Muita gente esperava por qualquer coisa ou gente vindos da cidade. Eu esperava reconhecer alguma cosia o mais rápido possível, porque tudo aquilo era muito estranho. As casas todas de salto-alto, ligadas por pontes e caminhos também elevados. À primeira vista parecia feio, mas a luz do lugar e o sorriso das crianças me encantaram. Desde então, não consegui parar de sorrir e agradecer por este presente, por este chamado.

Não fiz muitas fotos desde que cheguei. Enquanto não passava o encantamento, não pude pensar em outra coisa senão contemplar esta graça de Deus. Caminhei por entre as casas suspensas, parecendo imensos puleiros, cheguei a um telefone e fiz contato com o povo de casa. Ao discar os primeiros números, não tive dúvidas de que achariam estranho se eu dissesse que era maravilhoso. Quando cheguei, por um instante, achei que não seria capaz de conviver bem com um desconforto crônico – ainda mais eu acostumado com banho quente, coca-cola, internet e carro. Mas a imagem das dezenas de redes entrecruzadas pelos dois andares do Capitão Renan, na viagem de vinda, me fizeram lembrar que o belo às vezes se esconde em coisas muito simples. Mais tarde, quando fui deitar em minha rede, já não tinha mais dúvidas de que o meu caminho era aquele mesmo, e que todo o sacrifício valeria a pena se eu estivesse de coração aberto."
um espaço em branco e uma vida cheia... noutras vezes, vida vazia, sem qualquer espaço para escrever... porque nunca há o equilíbrio?!

Há tempos descobri que somos nós que devemos equilibrar, e não esperar que tudo se ajeite. Numa conversa de elevador com uma fotógrafa amiga minha, ouvi dizer que o mundo é um grande caos, que não há qualquer organização, e a arte de fotografar consiste na justa ação de equilibrar este caos...

Deixando de enrolação, vou tentar voltar a escrever nessa banana aqui, sem avisar a qualquer pessoa, sem me preocupar com o que virá. Só quero matar essa vontade que me deu de escrever, de colocar pra fora o que está guardado há tempos. Não é nada demais, nada tão poético. É só porque gosto do barulhinho frenético do teclado do meu laptop quando digito alguma coisa sem pensar, sem parar, e só vou ouvindo o tic-tic-tic-tic...

E é assim... não há qualquer promessa ou compromisso com este retorno repentino... é apenas um começo, que ainda não tem fim, nem meio... um começo e ponto.