terça-feira, 6 de setembro de 2005

Durante o mes de agosto, estive no Pará. Fui com uma missão dos jesuítas à vila de Jenipapo, na Ilha de Marajó. Eramos 6 jovens (Tássia, Carol, Deinha, Renata, Márcia e eu) e Robertinho, "o padre"... a experiência foi maravilhosa, impactante... escrevi pouca coisa sobre aquilo tudo, mas fotografei muito. Ao todo, eu e Tássia fizemos 30 filmes e mais uma porção de fotos digitais... mas alguma coisa escrita saiu naturalmente, numa noite daquelas, ouvindo os grilos e os sapos...

DIÁRIO DO JENIPAPO 1

"No dia em que pegamos o barco, de Belém para o Marajó, ainda tinha dúvidas de como seriam as coisas por aqui. A viagem começou agitada, com o mar da baia tirando meu sono e embaralhando meus pensamentos.

De coração aberto eu dormi e acordei com os primeiros raios do dia, e algumas poucas vozes ao longe. Avistei logo o trapiche e o porto de Jenipapo. Muita gente esperava por qualquer coisa ou gente vindos da cidade. Eu esperava reconhecer alguma cosia o mais rápido possível, porque tudo aquilo era muito estranho. As casas todas de salto-alto, ligadas por pontes e caminhos também elevados. À primeira vista parecia feio, mas a luz do lugar e o sorriso das crianças me encantaram. Desde então, não consegui parar de sorrir e agradecer por este presente, por este chamado.

Não fiz muitas fotos desde que cheguei. Enquanto não passava o encantamento, não pude pensar em outra coisa senão contemplar esta graça de Deus. Caminhei por entre as casas suspensas, parecendo imensos puleiros, cheguei a um telefone e fiz contato com o povo de casa. Ao discar os primeiros números, não tive dúvidas de que achariam estranho se eu dissesse que era maravilhoso. Quando cheguei, por um instante, achei que não seria capaz de conviver bem com um desconforto crônico – ainda mais eu acostumado com banho quente, coca-cola, internet e carro. Mas a imagem das dezenas de redes entrecruzadas pelos dois andares do Capitão Renan, na viagem de vinda, me fizeram lembrar que o belo às vezes se esconde em coisas muito simples. Mais tarde, quando fui deitar em minha rede, já não tinha mais dúvidas de que o meu caminho era aquele mesmo, e que todo o sacrifício valeria a pena se eu estivesse de coração aberto."

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