domingo, 29 de junho de 2003

Numa galeria ou numa livraria. Sempre achei (nao sei baseado em que!) que em um desses lugares que se pode encontrar gente realmente interessante. Talvez pelo ar pseudo-intelectual que envolve esses lugares. Talvez pela tranquilidade, pelo recolhimento e pela solidao que me tomam quando estou num lugar destes... acho que por isso.



Curioso foi sentir minha inquietacao diante de uma pessoa interessante quando a encontrei numa sala de espelhos. Os mil eus que me vigiavam, me observavam com tanta atencao e com tanto ciume que nao tive o que fazer. Os infinitos olhos meus postos sobre mim, o julgamento e a condenacao pelo que nem tinha feito, me incomodava. Nenhuma das imagens refletidas aceitavam a imagem que eu tentava apresentar, a imagem do meu desejo de momento. Isso por que todos esses eus que me olhavam foram criados com a conviccao de que eu e eles sempre seriamos companheiros, e fomos educados com os mesmos valores.



Nao adianta nada, para todos nos, superficialidades... a carne, pura, nunca foi prioridade. Por isso aqueles espelhos, por unanimidade, me condenaram a fingir que nao percebia os sinais, as oportunidades...



Ate hoje nao sei se estavam certos ou errados aqueles espelhos, e nunca vou saber... so sei que todas as vezes que encontro com um deles, em qualquer lugar no mundo, sinto um clima de traicao no ar... como se todos eles dissessem: "nao force, voce nao eh assim!"



Nenhum comentário: