quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Um pouco de história

As Hospedarias no mundo

Entre o século XIX e a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), os deslocamentos populacionais ganharam uma magnitude até então desconhecida. De 1820 até 1914, migraram para o continente americano aproximadamente 50 milhões de pessoas. Novas, maiores e mais complexas estruturas de alojamento para o crescente fluxo de população que se dirigia para a América eram necessárias.



As Hospedarias de Imigrantes, construídas a partir da segunda metade do século XIX, cumpririam uma função de destaque na dinâmica dos deslocamentos populacionais. Em ambos os lados do processo migratório – saída (emigração) e chegada (imigração), elas foram os locais para a expedição ou aferição de documentos, controle médico-sanitário, registro e encaminhamento para local de destino.

Criadas num contexto em que a necessidade de coordenação dos fluxos migratórios pelo Estado era fundamental, as Hospedarias tiveram um importante papel nas políticas oficiais de imigração e emigração.

Os emigrantes saiam predominantemente das Hospedarias dos portos de Kobe, no Japão, de Hamburgo, na Alemanha, e de Gênova, na Itália, portais de embarque para o Novo Mundo. Uma nova vida que, em solo estrangeiro, começaria nas Hospedarias de recepção de imigrantes. Dentre elas, destacavam-se:

- Hospedaria de São Paulo (1887-1978)
- Hospedaria da Ilha das Flores (1883-1966)
- Hospedaria de Buenos Aires (1911-1953)
- Hospedaria da Ilha de Ellis, em Nova York (1892-1954)

A Hospedaria do Brás e o ciclo do café

Em 1906, foi anexada uma construção a direita do prédio principal, que passou a servir à Agência Oficial de Colonização e Trabalho. Considerada uma inovação na época, a Agência encaminhava os imigrantes aos locais de trabalho, de acordo com suas profissões.

Na foto acima, grupo de imigrantes portugueses na frente da Hospedaria de Imigrantes do Brás, em São Paulo.


A Agência Oficial de Colonização e Trabalho estava ligada às atividade s de encaminhamento dos imigrantes ao seu destino no interior do Estado de São Paulo. Funcionava nas dependências da Hospedaria num prédio separado do conjunto principal do edifício. Era de fácil acesso, tanto aos imigrantes alojados na Hospedaria quanto aos fazendeiros que traziam seus pedidos de mão-de-obra. Era uma das poucas edificações da Hospedaria que possuía uma ligação direta com a Rua Visconde de Parnaíba.

Sala da exposição que tem objetos e textos relacionados à atividade administrativa da hospedaria

A Agência possuía exclusividade na intermediação entre fazendeiros e imigrantes e era dividida em duas seções. Uma delas funcionava como agência de colocação de trabalhadores e onde eram celebrados os contratos entre fazendeiros e imigrantes. Em outra seção, eram feitos os contratos de distribuição e compra e venda de lotes em núcleos coloniais. Em ambos os casos, os contratos eram definidos na presença de um funcionário da própria Agência e lá registrados. O imigrante recebia uma caderneta autenticada, na qual eram definidos os termos do contrato de trabalho ou concessão de terras. Em 1911, teve seu nome alterado para Agência Oficial de Colocação.

Na Agência haviam grandes quadros-negros, onde eram afixadas as ofertas dos fazendeiros e os lugares onde se podia encontrar colocação, com a indicação das respectivas distâncias. Um mapa do Estado de São Paulo servia para esclarecer a situação dos locais de trabalho.

- informações da exposição "Hospedaria de Imigrantes do Brás"

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