sábado, 10 de agosto de 2002

. . . pensei muito antes de fazer isso... mas publico aqui isso ai... acabei de "parir"...



Entrou agoniado pela sala, jogando as coisas em cima da mesa. Já sabia que ela estaria lá, mas não conseguia acreditar. Chegou na porta e respirou fundo, tentava entender aquilo tudo. Abriu com calma. A luz estava fraca e sentiu um cheiro forte. Foi entrando devagar e, logo do cara, a viu deitada. Um fino lençol branco cobria o seu corpo nu, lindo como nos sonhos dele.



Naquela hora, lembrou-se do dia em que a viu pela primeira vez, ainda no colégio. Passaram-se 11 anos e, em todos esses dias, seu maior desejo era tê-la, nua, em seus braços. O engraçado era que sabia que esse desejo jamais se realizaria, principalmente depois de terminarem o segundo grau, e entrarem na faculdade.



Desde sempre escreveu para ela. Milhares de versinhos, de cartões. Tinha fotos, bilhetes, notas nos jornais. Tinha tudo sobre ela, sabia tudo sobre ela. Ele a amava, com certeza. Amava aquele jeito altivo, aquele tom de voz seguro, seus cabelos negros. Amava suas poesias, seus ideais, seus projetos. Amou quando ela se formou em Psicologia. Amou tudo o que tinha o nome dela, e amou profundamente, mesmo sem nunca ter revelado isso pra ninguém.



A vida dela, que para todos parecia maravilhosa, era solitária. A sua beleza atraia a todos, mas ela nunca acreditou nas investidas, mesmo quando era jovem. Não se casou, namorou pouco. Procurava um amor verdadeiro, profundo e sem interesses físicos apenas. Ela queria alguém em quem confiar, um amigo, mas não sabia onde encontrar.



Ele, na porta, olhava fixamente para ela e chorava. Um choro sofrido, dolorido porque ainda não podia revelar o seu amor. Não estava seguro. Não conseguia acreditar naquilo todo. Saiu, fechando a porta com suas costas e foi abaixando, abraçou os joelhos, não conteve o choro e se odiava, não só pelo seu silencio de tanto tempo, mas principalmente por ser legista.

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