“Vou receber o pagamento do meu marido que é vigia da prefeitura. Sustentamos nossos cinco filhos com esse dinheiro [R$ 180].”Essa frase acima não teria lá uma grande importância para um leitor qualquer. A gente poderia ter ouvido isso em qualquer ponto de ônibus ou estação de metrô de qualquer lugar do mundo. Mas ouvimos em Jenipapo, na Ilha de Marajó, no Pará, e é preciso estar lá para acreditar no que a gente vê!
Pense numa vila suspensa sobre um lago. Agora imagine que as águas vão baixando e o leito vira lama. O barco deixa de ser o meio de transporte viável em Jenipapo. Quando é possível improvisar uma estrada, a prefeitura de Santa Cruz do Arari disponibiliza um caminhão para transportar funcionários e outros moradores entre o município e a vila.
"Lá de cima, na carroceria, estava dona Sílvia [foto] preocupada com o horário em que voltaria para casa. O empurra-empurra embalado pelo ronco do motor durou cerca de 40 minutos, mas o sufoco não lhe tirou o bom humor. “Bora gente, empurra direito aí”, brincou com os homens que se esforçavam para desatolar o caminhão. Quando finalmente a viagem engrenou, cada um que estava na carroceria segurou na pessoa ao lado na tentativa de se equilibrar para evitar um tombo devido ao sacolejo."
Não acredita? Então veja!
--> trecho da reportagem A Jóia do Arari, feita por mim e por minha grande amiga Tássia Novaes, lá no meio do mundo, em 2005.
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