sexta-feira, 1 de março de 2002

Bem... esse foi meu primeiro conto... fiz em 99, la em Natal...



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Eu vinha andando pela praia e avistei, ao longe, uma jarra... a jarra brilhava e incomodava meus olhos como se me chamasse...

Fui ver o que era, se tinha algum valor, se tinha identificações e acabei por notar que não se tratava de uma jarra, mas sim de uma lâmpada, daquelas dos gênios das estórias... achei gozado, retire-a da areia e sacudi... e esfreguei... enquanto esfregava, pensei num gênio, sentado num belo tapete vermelho e com sapatos pontudos saindo e dizendo Ó MEU AMO!... mas isso não aconteceu... olhei firme para a lâmpada, frustrei-me com a sua inércia e quando ia joga-la fora ouvi uma voz:

- EI! Que bom que você encontrou essa lâmpada do meu avo... estava brincando e deixei-a cair... você me livrou de tomar uma surra daquelas... por isso, vou deixar que faça três pedidos que eu vou tentar realizar... mas que eu possa oferecer, é claro!

Pensei na loucura que aquele moleque me propusera... imaginei um menino de metro e meio realizando meus desejos... mas eu gostei da idéia, no fim, ao menos um sorvete eu poderia lucrar...

Não estava nem ligando pra dificuldade do que eu ia pedir... era ele que tinha que realizar mesmo...

Primeiro, pedi uma rosa verde

O menino saiu correndo pra casa, arrastou sua bicicleta e foi em caminho do bosque... depois de uns 40 minutos, eu resolvi ir embora... o menino não ia achar nunca uma rosa verde até porque ela não existe... quando me levantava, me aparece o garotinho, quase sem ar, com duas rosas na mão...

Logo disse:

-Onde está a minha rosa?

-Aqui! Mostrando duas rosas, uma azul e outra amarela...

-Mas essas não são verdes... são muito belas e raras, mas não verdes...

O menino olhou pra mim com um sorriso de quem vai tirar um " toelho" da cartola e pegou uma cola no bolso...

Achei estranho mas continuei a observar a destreza com que o menino pingava um pouco de cola sobre a rosa azul e deitava uma pétala de rosa amarela... e ainda pingava umas gotas de água do mar e me mostrou... a rosa se tornara verde, meio despetalada, mas verde!

Fiquei pensando num segundo desejo... mas agora eu não queria que ele escapasse... pedi, finalmente, coragem e força...

-Isso é fácil...

Esticou o indicador da mão direita, apontou pra meu rosto e disse - Siga!

Em seguida, apontou pra uma formiguinha no chão... Coitada... tão pequena e desnorteada... então disse:

-Mas essa formiga não é tão forte assim camarada... e onde está essa valentia toda???

O menino me olhou como se fosse um gênio e disse - Venha cá, depressa!

E lá foi ele correndo outra vez, feliz da vida e acabou parando em frente a sua casa, onde apontou para o chão outra vez...

Mostrou-me milhares de formiguinhas como aquela outra, atacando um enorme grilo, com mais de mil vezes seu tamanho e força...

então ele disse...

- Tá ai seu segundo desejo...

Já desenganado por não conseguir ser mais esperto que um menino de 7 anos, pedi A VIDA!

Ele pensou e é claro que não ia me mostrar qualquer coisa... ele tava querendo me impressionar e sentou-se na areia... olhando para o horizonte, ele quase não piscava... sempre que ia me dizer algo, tapava-lhe a própria boca... e depois de muito tempo, quando o sol já ia embora... ele disse:

-O MAR!

-Mas como " MAR" ? Você poderia ter dito, o peixe, a planta, mas logo o mar?

- É, tio... o mar mesmo... pense bem... na vida, você pode passar de barco, sem se molhar e chegar ao outro lado sequinho... pode também, porque não, afundar por não ter as bóias necessárias ou finalmente, pode nadar e se banhar de suas águas...

Olhei pra ele e pensei em dizer algo...

Ele que se levantou e disse:

- Ai tio, seus três desejos... O AMOR, OS AMIGOS E A VIDA.... não os perca de vista, sempre os peça... então virou as costas, pegou a lâmpada, colocou debaixo do braço e correu pra casa pra jantar...

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