domingo, 16 de fevereiro de 2003

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Se para morrer basta estar vivo, para viver é preciso um pouco mais. A morte é simples, instantânea, é algo fácil de acontecer com qualquer um. A vida, sim, é graciosa, grandiosa. Resistimos a duras provas desde a concepção até estarmos aqui, tendo passado pelo nascimento, pela conturbada adolescência.



Cada conquista, cada derrota são um marco. Os primeiros passos, as primeiras palavras, tudo é contabilizado. O desenho que ganhou estrela prateada no jardim de infância. O primeiro recital de poesias da primeira série. A primeira suspensão. O primeiro vestibular. Ganhamos sempre, quando vencemos ou quando somos derrotados. Aprendemos, ensinamos e construímos nossas bases, nossos pilares da vida.



Não dar valor a isso é jogar fora um tesouro. Não prestar atenção nisso é uma grande bobagem. Talvez a maior bobagem de todas. Não que se deva vangloriar-se e acomodar-se com a valiosa vida. Mas cuidar dela é essencial.



Damos valor para a vida, geralmente, quando estamos prestes a perdê-la. Então pensamos que damos valor quando já é tarde. Existe algum momento que e tarde demais? Não existe.

Como bem diz a tradição Zen nessa história:



“Um homem estava numa floresta escura quando de repente ouviu um barulho assustador. Era um leão. Aterrorizado, ele começou a correr como um louco sem ver por onde ia e caiu num precipício.

No desespero da queda, agarrou-se num galho e ficou entre o abismo em baixo e o leão em cima. Ficou por lá, sem saída.

Foi então que ele, olhando para a parede do precipício, viu ali um pé de morangos com um enorme e vermelho morango. Estendeu seu braço, colheu o morango e o comeu.

Estava delicioso.”




Nunca é tarde para começar, para amar, para cantar para correr e sentar no chão como criança. Nunca é tarde para dizer o que se sente ou do que sente falta. Nunca é tarde para dizer o que se sonha. Nunca é tarde para fazer valer por toda a vida aquele único minuto. Nunca é tarde para viver, mesmo que por um só minuto.

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