sexta-feira, 16 de maio de 2003

Quando saí do carro, oito horas da noite, e fui entrando naquele pátio escuro, senti um frio na barriga de dar dó. Cheguei na portaria e os seguranças assistiam, na Globo, a novela. A única coisa iluminada era o enorme nome azul, na entrada do prédio.



Lá estava eu, de camisa polo, calça jeans e tênis. Bolsa preta do lado do corpo, com um caderno e um currículo "de nada". Caminhei com passos firmes mas curtos. Era só entrar, virar a primeira esquerda e subir as escadas. Mas pra mim era um caminho enooooooorme.



É certo que nunca vi muita diferença em trabalhar em casa ou num prédio no Iguatemi. Mas não sei o que deu em mim que a única coisa que me preenchia era um vazio no estômago. E não era fome pois havia devorado tres sanduiches minutos antes.



Entrei, fui reconhecido, caminhei logo atrás da figura que acho que vai ser meu chefe. Fui apresentado ao serviço e à rotina. Fiz como aprendi por ai: olhos fixos, nunca pra baixo. Acompanhando as palavras e perguntando tudo. Na primeira oportunidade falei o que sabia e o que poderia fazer. Fui me adaptando. O frio na barriga passava mas o ar condicionado esfriava o resto tudo.



Num momento lá percebi que seria eu, realmente, o escolhido. Fiquei feliz, feliz mesmo! Um trabalho semrpe é bom, ganhando dinheiro então... é melhor que pão de queijo!!! Na hora que descobri que até carteira de trabalho iam assinar eu esqueci do frio na barriga, do frio na ponta do nariz e do absurdo que é um estagiário trabalhas 5 hroas por dia, 6 dias da semana e receber um salário apenas.



Tudo decidido, esclarecido, fiquei de esperar retorno do setor de Recursos Humanos. Fui saindo da sala, acompanhado pela figura lá (um cara gente boa!!!). Fui deixado no alto da escada... Desci, devagar, pensado em quem seria a primeira pessoa a saber da novidade. Cheguei no pátio (estacionamento) e vi meu carro longe, do lado de fora e podendo imaginar tanta coisa, só me veio um pensamento no momento: "Da próxima vez, coloco o carro aqui dentro, sou da casa".



Bobagens à parte, vim pra casa sem falar com ninguem e como não falei com ninguem, falo pra todo mundo... desse meu jeito... como é estranho você entrar num lugar como estranho e sair de lá achando que a casa é sua... só eu mesmo pra pensar essas coisas....

Nenhum comentário: