domingo, 10 de novembro de 2002

O onibus parou no ponto. Achei que tinha parado por causa do ponto.

Estava lendo, de cabeça baixa quando ouvi as primeiras gargalhadas. Logo, todos os passageiros estavam se debatendo por um lugar nas jalelas de onde conseguiam ver um homem. Aquela coisa bebada, esfarrapada cambaleava pelo meio da rua. Gritava com todos e batia no capô dos carros que tentavam passar por ele. Deploravel.

Ele estava numa moto, ao que pareceu. Pela aparente embriaguez ele deve ter caido. Sua perna sangrava muito. Era tão ridiculo aquilo tudo.

TOdos riam... todos faziam piadas com o rapaz que caiu no chão, todo torto, todo acabado. Um braço estendido sobre a cabeça e o outro preso pelo peso do corpo no chão. A queda arrancou gritos do povo do onibus.

Nessa hora o motorista conseguiu edsviar da moto que bloqueava a passagem e continuou a viagem. Homens e mulheres acenavam para o homem caido como se fosse num circo...

Ao passar pela frente de um prédio, a vidraça refletiu o rosto monstruoso, esquelético de todos que olhavam para fora. O susto foi grande mas ninguem se abateu. TOdos voltaram para seus lugares como se nada tivesse ocorrido. Mas o silencio que ficou denunciava que naquele lugar haviam cavernosos espiritos que se deliciavam com o grotesco... com a miséria do mundo.

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