segunda-feira, 18 de novembro de 2002

Uma das reflexões que escrevi no meu "blog material" (um caderno verde) na ilha... - nota: Cem Anos me deixa pensativo e menos triste do que eu imaginei



Me sinto estranhamente lírico, estranhamente clássico. Estranhamente trágico. Sinto que minhas palavras não são minhas e que meus pensamentos não são meus. Não sei ler o que escrevo porque não recebo o que gero. Me sinto mãe que rejeita e estrassalha seu filhote indefeso.

Me sinto cruel, mais do que trágico. Acabo matando não apenas o texto. Suicido as personagens e condeno as teimosas sobreviventes. Sofrem todos do mesmo mal que me inspirou: a solidão.

Eles não conversam. De fato, não aprofundam nada. São profundos na criação e rasos como criatura. Já nascem morrendo.

Me sinto realmente estranho quando escrevo porque quem escreve não é mais o que lê. O solitário escritor de mãos grandes e de falso ar intelectual está cada vez mais só e perto do mesmo final trágico que deu aos seus filhos...

Dessa vez, no lugar da silenciosa assinatura clássica, com data de nascimento, o que se verá apartir de hoje é o eu que cresceu lendo histórias de coitados... e já é forte.



nota 2: sempre assino minhas coisinhas com 4 riscos rápidos que formam um Bito e depois anoto a data para me lembrar do dia em que sentei para parir

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