terça-feira, 30 de julho de 2002

Sem muita paciencia pra desenvolver um final mais criativo... ai vai!!!



- Porque as pessoas desistem de estudar? - Vejamos...



Uma semana depois de começadas as aulas, Zélia continuava empolgada na faculdade de Medicina. Passou um ano inteiro estudando 8 horas por dia, sem sair, sem namorar, numa clausura que parecia não ter fim. Ela sonhava, não só em ser médica, mas em cursar a faculdade, desde pequena. Estar ali era o sonho se tornando realidade.

Quando se aproximou a hora do intervalo, uma garota se levantou e, disfarsadamente saiu da sala. Em seguida outra, e outra. Restando 5 minutos para o professor fazer a chamada, a maioria dos alunos estavam um tanto que inquietos nas cadeiras. A pobre da Zélia, que sempre adorou o seu nome, sentia odio de seu pai por tamanha infelicidade. "Célia, meu pai! porque não Célia??? Seria tão mais fácil!" - pensava ela.

Aos poucos, a sala ia ficando vazia e ela, cheia de raiva. O professor insistia em dizer o nome completo de cada aluno e se complicava na pronuncia dos estrangeiros. Ela ouviu o barulho da conversa que vinha do pátio, no final do corredor, e foi se levantando, indo em direção à porta. Quando o professor começou a dizer seu nome ela ja se adiantou, marcando sua presença e saiu da sala apressada.

Caminhou com passos longos e ligeiros, passando pelas salas quase vazias. Lá dentro, além dos professores, estavam Zildas, Zumiras e Victors, todos abatidos e ansiosos por ouvirem seus nomes.

Quando chegou ao pátio, sentiu seu corpo gelar com a visão do inferno. Uma fila imensa, com mais de 50 alunos, saia de um pequeno cubículo num canto. Lá dentro, um rapaz com camisa amassada, suando muito, fazia as copias, as contas, separava pastas, grampeava e entregava troco, o mais rápido que podia e, mesmo assim, ouvia calado os insultos e as provocações.

Zélia, sem opção, entrou na fila e ficou lá. Passados 10 minutos, o pai dela chegou e, com a demora, gritava por ela, tocando a buzina do Fusca insistentemente. Ela jamais sairia daquela fila sem conseguir o que queria.

Aquele barulho todo - a conversa, os gritos, a buzina - e o empurra-empurra deixaram todo mundo irritado. Começaram a xingar o rapaz do cubículo e, depois, xingaram-se uns aos outros. Irritado, o rapaz fechou a única porta de acesso, e saiu tranquilo, fazendo pouco caso de tudo aquilo. Zélia, a ultima da fila, afastou-se indignada, revoltada e descontrolada. Saiu caminhando enquanto a fila toda dispersava e quando entrou no carro de seu pai, desejou secretamente a morte dele. Sabendo que era impossível mata-lo e estava longe de uma morte natural, engoliu o rancor e tomou a decisão mais acertada e desesperada de sua vida dizendo: "Pai, vou voltar pro cursinho"

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