quarta-feira, 9 de outubro de 2002

Antes que me achem chato, coloco aqui uma linda poesia da Florbela Espanca, poetiza portuguesa do tempo de Pessoa... linda linda linda..



Eu

(Florbela Espanca)





Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do Sonho, e desta sorte

Sou a crucificada... a dolorida...





Sombra de névoa ténue e esvaecida,

E que o destino, amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!





Sou aquela que passa e ninguém vê...

Sou a que chamam triste sem o ser...

Sou a que chora sem saber porquê...





Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver

E que nunca na vida me encontrou! "

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